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Tese indica processo de reaproveitamento de resíduos de gesso e de fibra de coco

Escrito por Heleno Rocha Nazário | Publicado: Terça, 26 de Novembro de 2024, 11h25 | Última atualização em Sexta, 29 de Novembro de 2024, 10h14 | Acessos: 178

CP1O reaproveitamento do gesso acartonado, também chamado drywall, é o tema de uma tese aprovada no Programa de Pós-graduação em Biossistemas (PPGBiossistemas), mestrado e doutorado acadêmico oferecido pela Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Com o título Estudo do comportamento do gesso reciclado aditivado com emulsão de PVA e fibra curta de coco verde tratada, a tese desenvolvida e apresentada pela recém-doutora e engenheira civil Sandra Cunha Gonçalves foi examinada e aprovada em 19 de agosto de 2024 pela banca composta pelo orientador e presidente da banca, professor Milton Ferreira da Silva Junior (CFTCI/UFSB), professora Silvia Kimo Costa (POPTECS/UFSB), professor Paulo Roberto Lopes Lima (UEFS), professor Everton José da Silva (IFBA), professor José Renato de Castro Pessôa (UESC) e professor Erickson Fabiano Moura Sousa Silva (UESC). 

A engenheira civil, pesquisadora e inventora Sandra Cunha Gonçalves explica que o tema tem importância ambiental e econômica. As chapas de gesso acartonado, ou drywall, são hoje um dos produtos mais consumidos do segmento gesseiro e material cada vez mais presente na construção civil global. A produção do drywall no Brasil alcançou cerca de 73 milhões de m² em 2019. No entanto, estima-se que 10% do volume de drywall acaba perdido por falhas no processo de montagem, avarias no produto e resíduos de demolição.

Imagem"Neste sentido, explorar maneiras de reintegrar materiais descartados ao fim de seu ciclo de vida contribui para a redução de impactos ambientais associados à extração inicial de matérias-primas e à geração de resíduos ao longo da cadeia produtiva do gesso. Dessa forma, busca-se auxiliar o setor gesseiro em direção a práticas mais sustentáveis. Além disso, o aproveitamento de resíduos agroindustriais, como a casca do coco verde, além de melhorar tecnicamente o gesso reciclado, vêm ganhando espaço, tanto pela conscientização ambiental quanto pela oportunidade econômica de agregar valor a uma matéria-prima de baixo custo, promovendo a importância da Economia Circular (EC) na cadeia produtiva do coco verde", detalha Sandra.

O foco da pesquisa, conforme a autora, foi analisar os aspectos técnicos de um compósito produzido pela incorporação de fibra de coco verde em matriz de gesso reciclado, aditivada com emulsão de PoliAcetato de Vinila, comparando as propriedades do gesso com as do compósito, a fim de avaliar sua possível aplicação na construção civil. Para isso, Sandra desenvolveu um processo de reciclagem para o resíduo de gesso acartonado em escala laboratorial. Esse gesso em forma de pó foi caracterizado através de ensaios físico-químicos, mecânicos e microestrutural, no estado fresco e no estado endurecido após 28 dias de cura. A pesquisadora também analisou as fases cristalinas formadas e o comportamento térmico do compósito em função da variação de temperatura, empregando para isso os ensaios de Difração de Raios X e Termogravimetria.

 

Melhoras no gesso e na reciclagem do material

Com a pesquisa, Sandra conseguiu chegar a uma formulação com bom resultado: "Ao adicionar apenas 5% de emulsão de PoliAcetato de Vinila (PVA) na matriz de gesso reciclado e no fibrogesso, foi suficiente para melhorar a trabalhabilidade e o tempo útil de pega, sem a necessidade de aumentar a relação água/gesso. Os resultados também mostraram uma melhora nas propriedades mecânicas do fibrogesso, tal como redução na absorção de água por capilaridade e até uma melhora da ancoragem da fibra de coco na matriz. Levando-se em consideração que ao reciclar o gesso parte de suas propriedades iniciais são perdidas, os resultados foram muito favoráveis, pois todos ficaram acima dos limites mínimos normativos."

F2O aproveitamento do gesso em um processo de reciclagem com essa qualidade demonstrada na pesquisa colabora também para reduzir o descarte de restos de construção nos aterros e reintegra resíduos ao ciclo produtivo. Esse é um dos princípíos da Economia Circular, na definição proposta por Reike, Vermeulen e Witjes, afirma a autora. Além da viabilidade técnica de uma alternativa que pode promover uma gestão sustentável dos resíduos de gesso, o estudo também valoriza subprodutos agrícolas, no caso a fibra de coco, podendo gerar para a sociedade benefícios de ordem econômicos, sociais e ambientais.

Em termos acadêmicos, a pesquisa realizada por Sandra no PPGBiossistemas gerou publicação na revista Pesquisa em Educação Ambiental e um artigo em avaliação na revista Sustainability. Um capítulo da tese foi aprovado para apresentação no V Congresso Luso Brasileiro de Materiais de Construção Sustentável, que aconteceu no período de 06 a 08 de novembro de 2024 na Universidade de Lisboa, Portugal. Sandra levou os principais resultados da tese em um dos maiores eventos científicos da área de construção sustentável do mundo.

De forma prática e técnica, pretende-se dar continuidade neste estudo através da elaboração de chapas de gesso com a composição que foi formulada neste estudo.  A próxima etapa será realizar chapas simulando uma situação real de uso habitacional para vedação e testá-los.

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