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Comitê Emergencial da UFSB publica 28ª edição do boletim sobre covid-19 no Sul da Bahia

  • Escrito por Heleno Rocha Nazário
  • Publicado: Quinta, 22 de Outubro de 2020, 16h46
  • Última atualização em Quinta, 22 de Outubro de 2020, 17h26
  • Acessos: 1825

capa boletim cec 28 O Comitê Emergencial de Crise da Pandemia de Covid-19 da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) divulgou 28ª edição do Boletim do Observatório da Epidemia do Novo Coronavírus no Sul da Bahia, na qual apresenta análises do período compreendido entre 03 e 16 de outubro de 2020. Desde a segunda edição especial, a equipe responsável pelo boletim ajustou a periodicidade de semanal para quinzenal, ampliando o recorte temporal sobre o cenário da pandemia de covid-19 no Sul e no Extremo Sul do estado da Bahia. Confira os destaques da edição:

 

-->Análise do panorama semanal nos municípios do Sul e Extremo Sul:

Em 16/10, do total de 332.898 casos e 7.267 óbitos confirmados na Bahia, 37.967 (11,4% do total) e 893 óbitos (12,3% do total) eram de residentes nos municípios onde a UFSB tem unidade acadêmica e/ou colégio universitário, o que corresponde a um incremento de 1.783 casos e de 46 óbitos em relação ao acumulado (36.184 casos e 847 óbitos) em 02/10. Se nos guiarmos pela média móvel de 2 semanas, observa-se redução de casos e óbitos por COVID-19 no conjunto dos dez municípios. 

No intervalo de 02 a 16/10, apenas Ilhéus (24,7%) e Teixeira de Freitas (20,1%) apresentaram variação positiva da incidência; os demais apresentaram variação negativa (número de casos ocorridos na última semana menor do que na semana anterior), com variação média negativa em -26,7%. Entretanto, se nos guiarmos pela média móvel de 2 semanas, observa-se redução de casos de COVID-19 em todos os dez municípios. Quanto à ocorrência de óbitos no intervalo de 10 a 16/10, apenas Eunápolis, Ibicaraí e Itamaraju apresentaram variação positiva no período na comparação com a semana de 3 a 9/10 enquanto Coaraci, Ilhéus, Porto Seguro, Nova Viçosa e Santa Cruz de Cabrália apresentaram variação nula. Se nos guiarmos pela média móvel de 2 semanas, observa-se aumento no número de óbitos apenas em Ibicaraí e Porto Seguro. Quanto ao risco de adoecer por COVID-19, apenas Nova Viçosa (1.600,0 casos/100 mil hab.) apresenta Taxa de Ataque (TA) inferior à média estadual (2.238,3 casos/100 mil hab.) e apenas Porto Seguro (2.253,1 casos/100 mil hab.) apresenta TA superior à média estadual, mas inferior à nacional (2.461,9 casos/100 mil hab.). Os demais municípios apresentam risco de infecção superior à taxa nacional, com destaque para a Região Cacaueira: Itabuna (6.307,0/100 mil hab.), Coaraci (4.378,3/100 mil hab.), Ilhéus (4.300,6/100 mil hab.) e Ibicaraí (4.140,3/100 mil hab.). A Taxa de Ataque no território analisado foi estimada em 3.904,4 casos/100 mil habitantes. 

Quanto ao risco de morrer por COVID-19, os quatro municípios da Região Cacaueira – Itabuna (150,1 óbitos/100 mil hab.), Ilhéus (149,7 óbitos/100 mil hab.), Coaraci (141,2/100 mil hab.) e Ibicaraí (124,5 óbitos/100 mil hab.) – apresentam coeficientes de mortalidade (CM) superiores à taxa nacional (72,5 óbitos/100 mil hab.), enquanto Eunápolis (61,7/100 mil hab.) e Teixeira de Freitas (56,1/100 mil hab.) apresentam CM inferior à média nacional, mas superior à média estadual (48,9 óbitos/100 mil hab.). Os demais municípios apresentaram risco de morrer inferior à média estadual. O CM do território analisado foi estimado em 91,8 óbitos/100 mil habitantes.
Quanto ao risco de morrer entre os casos confirmados de COVID-19, apenas Ilhéus (3,5%), Coaraci (3,2%) e Ibicaraí (3,0%) apresentaram Taxa de Letalidade (TL) superior à do Brasil (2,9%), enquanto Itabuna (2,4%) e Nova Viçosa (2,3%) apresenta Taxa de Letalidade superior à média da Bahia (2,2%), mas inferior à do Brasil em 16/10. Os demais municípios apresentaram taxa de letalidade igual (Eunápolis) ou inferior à média estadual. Destaque para a baixa letalidade observada em Itamaraju (1,3%) e Santa Cruz de Cabrália (1,3%).
Trata-se de indicador que pode variar enormemente em razão da capacidade de testagem (quanto mais exames, mais diagnósticos de casos leves e assintomáticos e menor TL), a demografia (quanto mais idosa a população, maior o risco de morte pela Covid-19) e condições de acesso à saúde da população (particularmente em relação aos casos críticos, que exigem manejo clínico em UTI e ventilação mecânica). A TL do território analisado foi estimada em 2,4%. Quanto à
disponibilidade de leitos de UTI e taxa de ocupação, não há informação clara sobre o número de leitos de UTI COVID-19 no território nacional. A SESAB informou no dia 16/10 que 430 (48,0%) dos 898 leitos de UTI existentes no Estado estavam ocupados, sendo a taxa de ocupação de 47,0% no caso de leitos adultos e 61,0% no caso de leitos pediátricos, mas ressalte-se que leitos têm sido fechados pela SESAB. Informou-se uma Taxa de Ocupação de 64,0% na Região Sul e de 46,0% no Extremo-Sul. O recomendado é que se mantenha abaixo de 70% para que se possa flexibilizar as medidas de isolamento social.

Veja mais detalhes e gráficos sobre o período observado no boletim.

 

-->Recomendações para a região: 

O monitoramento da epidemia no Brasil permite observar redução de -17,2% na incidência e redução de -18,2% da mortalidade nas duas últimas semanas em relação às duas anteriores (completando quatro semanas seguidas de decrescimento de novos casos e óbitos). O monitoramento da epidemia no Estado da Bahia permite observar redução de -8,8% no número de casos e de -36,2% na ocorrência de óbitos nas duas últimas semanas em relação às duas semanas anteriores. Nos municípios acompanhados por este Observatório, observa-se redução de casos de COVID-19 em todos os dez municípios e aumento no número de óbitos apenas em Ibicaraí e Porto Seguro, se nos guiarmos pela média móvel de 2 semanas. Entretanto, ainda não se pode considerar a epidemia sob controle seja qual for o critério, menos exigente (até 5 casos novos/dia/100 mil hab.) ou mais exigente (1 caso/dia/100 mil hab.).

Recomenda-se aos governos cautela na flexibilização das medidas de redução de fluxo de pessoas e da oferta de leitos de UTI, e máxima transparência na divulgação das informações relativas à epidemia e à capacidade do SUS de atendimento à população (número de leitos clínicos e de UTI para Covid-19 disponíveis e ocupados). Em verdade, os municípios não têm como controlar a pandemia isoladamente, mesmo adotando políticas responsáveis, pois há ações que precisariam ser regionais, estaduais e interestaduais se quisermos que sejam efetivas.

Recomenda-se aos médicos muita cautela na prescrição da cloroquina ou da hidroxicloroquina, tendo em vista o risco de efeitos colaterais graves (principalmente arritmia cardíaca) se em associação com um macrolídeo (azitromicina).
Recomenda-se a todos os indivíduos a manutenção das medidas de higiene, do auto-isolamento domiciliar e a utilização de máscaras faciais (caseiras) sempre que precisar sair de casa.

 

-->Mapeando Iniciativas de Enfrentamento:

---- No dia 16 de outubro teve início os encontros semanais dos “Seminários Interdisciplinares sobre a COVID-19”, cuja proposta central é conhecer mais sobre a pandemia do novo coronavírus, analisando aspectos relacionados à saúde e o impacto da doença no cotidiano. As sessões configuram-se como aulas temáticas, ministradas por professores(as) da UFSB que, a partir de suas respectivas áreas de atuação, analisam a pandemia, o novo coronavírus e o impacto da pandemia no futuro. Coordenado pela professora Camila Calhau (IHAC/CJA), trata-se de um curso de extensão que também é ofertado como Componente Curricular Livre para a comunidade acadêmica da UFSB. Os seminários acontecem online todas as sextas-feiras até o início de dezembro, sempre pela manhã (10h às 12h). Confira a programação abaixo.
Os Seminários podem ser acessados pelo link:
https://meet.google.com/rva-hnwt-cyw

---- A oitava sessão do Ciclo Internacional “Saúde com Arte no Desafio da Pandemia” fará sua quinta roda de conversa online na próxima sexta-feira (23/10) a partir das 14h. Resultado de ação conjunta entre a UFSB e o Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra (Portugal), o evento terá a participação da professora, pianista e concertista Beatriz Salles (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e da professora e investigadora Marília Veríssimo Veronese (Unisinos). As rodas de conversa, quinzenais, são organizadas pela professora Raquel Siqueira (Grupo de Pesquisa Saúde Coletiva, Epistemologias do Sul e Interculturalidades/UFSB) e Susana Noronha (Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra/NECES).
Link para acesso:
https://meet.google.com/gqg-tzhx-rmj

 

--> Orientações para prevenção: 

Nesta edição, a equipe do Observatório trata das implicações médicas e éticas em considerar a "imunidade de rebanho" como estrtégia de enfrentamento da pandemia de covid-19. Conforme o boletim, há diversos problemas com essa proposta, como o fato de ainda não se dispor de uma vacina comprovadamente eficaz, dentre outros aspectos científicos e éticos. 

"Existem vários problemas com essa estratégia. A imunidade só poderia ser adquirida após os indivíduos serem expostos a doença e se recuperarem ou após serem vacinados. Como ainda não possuímos vacina para a COVID-19, para que a imunidade de rebanho fosse numericamente atingida, seria necessário afrouxar medidas de prevenção para permitir livre circulação do vírus. Ao permitir o livre contágio, muitas pessoas manifestariam sintomas graves da doença, precisando de internação hospitalar, de leitos em Unidades de Terapia Intensiva e/ou evoluiriam para óbito.

Segundo Campos (2020), as principais vítimas seriam aquelas mais vulneráveis e que mais estão expostas ao contágio social, como moradores da periferia e subúrbios, pessoas que utilizam transporte público, trabalhadores que atendem ao público, como comerciantes e profissionais da saúde. Trata-se, portanto, de estratégia extravagante e absurda. Ele acrescenta que a utilização do termo “rebanho” sugere concepção de caráter antissocial e anti-humanitário.

A imunidade coletiva é solução apenas para quem sobrevive. Cada vida importa. Na semana em que o Brasil atingiu a marca de 150.000 óbitos por COVID-19, deve-se lembrar que não são apenas números. São pais, mães, filhos, filhas, trabalhadores e trabalhadoras que perderam a vida, famílias que tiveram sonhos e projetos interrompidos. Portanto, até que uma vacina eficaz e acessível esteja disponível, a melhor estratégia de proteção populacional deve considerar as medidas de prevenção já amplamente divulgadas: uso de máscara, distanciamento social, lavar as mãos com água e sabão e uso do álcool em gel 70%."

Veja o texto completo no boletim

 

Documento relacionado

Boletim nº 28 do Observatório da Epidemia do Novo Coronavírus no Sul da Bahia (22/10/2020)

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