Eventos institucionais mediados pela tecnologia ajudaram a comunidade acadêmica a se reconectar em 2020
Uma das mostras da adaptação da comunidade universitária ao uso da internet e dos computadores como mediadores dos contatos entre professores e suas turmas e entre colegas de instituição é o número de eventos transmitidos na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) desde março de 2020. É, também, uma evidência de que a pandemia de Covid-19 impediu a presença nas salas de aula e nos escritórios, mas não conseguiu fazer a UFSB parar de trabalhar pelo ensino superior público gratuito e de qualidade.
Os preparativos começaram tão logo se percebeu que o isolamento social seria uma atitude essencial no enfrentamento da crise sanitária. Dentre as diversas ações implementadas para enfrentar as modificações na rotina acadêmica, uma pesquisa levantou os principais dados sobre o acesso digital de estudantes e docentes. Com base nos dados institucionais, as pró-reitorias de Ações Afirmativas (Proaf) e de Tecnologia da Informação e Comunicação (Protic) atuaram conjuntamente para apoiar estudantes em vulnerabilidade socioeconômica com empréstimo de computadores da universidade, subsídio para aquisição de equipamentos e empréstimo de chips 4G, via participação no programa Aluno Conectado, do Mec.
A UFSB participou do Congresso Andifes, acontecido em junho, com a conferência de abertura pela reitora, professora Joana Angélica Guimarães da Luz e mesas-redondas sobre as ações do Comitê Emergencial da UFSB, estabelecido em 20 de março de 2020, e os planejamentos na pesquisa e na extensão, bem como uma atenção especial ao modelo de ensino com mediação tecnológica que a universidade propôs para retomar as aulas.
Na sequência, o Seminário UFSB em Rede: Educação, Políticas, Virtualidades, realizado em agosto, foi ao mesmo tempo a atividade preparatória para a primeira semana e o espaço de refinamento das discussões, com conferências e palestras totalmente online sobre temas como o ensino mediado por tecnologia, dificuldades de comunidades tradicionais, arte, ciência, cultura e educação. Essa preparação permitiu a realização da retomada do quadrimestre letivo 2020.1 em 17 de agosto e da Semana de Acolhimento do quadrimestre 2020.2 no formato virtual para reconectar a comunidade e continuar a programação letiva com segurança.
Uma vez que todos os eventos institucionais são divulgados na seção de eventos do portal, uma contagem ajuda a perceber o emprego da tecnologia para reconectar colegas e aproveitar oportunidades que talvez fossem mais distantes em tempos normais. Um dos resultados de muito esforço e colaboração: um total de 128 eventos originados nos três campi após a interrupção do calendário acadêmico, contando apenas as divulgações do primeiro evento on-line em 27 de março até o dia 14 de dezembro de 2020. Uma parcela desses eventos está ligada aos planejamentos feitos para os componentes curriculares. As atividades realizadas também incluem mostras de filmes, lives com palestras e painéis, com participantes de diferentes partes do Brasil e inclusive parcerias internacionais. Diversos desses eventos estão gravados e acessíveis pelo canal do Auditório Virtual da UFSB no YouTube.
Os eventos anuais da UFSB também se transformaram para manter a periodicidade, levando as programações para as salas virtuais. A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) de 2020, entre 19 e 23 de outubro, o Congresso de Extensão (CONEX), cuja segunda edição foi transmitida entre 1º e 3 de dezembro, e o já tradicional Congresso de Iniciação à Pesquisa, Criação e Inovação (CIPCI), que teve sua sexta edição realizada entre 7 e 10 de dezembro, tiveram programações totalmente on-line. Com isso, estudantes e docentes puderam expor os resultados de projetos de pesquisa e de extensão e aproveitar palestras e oficinas sobre temas atuais em diversos campos do conhecimento, preservando um aspecto importante da vida acadêmica mesmo que pela tela do computador: a experiência compartilhada da circulação de saberes.
Colegas à frente dos três eventos falaram com a ACS sobre as experiências e os aprendizados deixados pelas edições virtuais para o aperfeiçoamento desses momentos de encontro e conhecimento na academia.
SNCT foi momento de ampliação de contatos dentro e fora da UFSB
A participação da universidade nas jornadas da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), evento presencial tradicionalmente realizado no mês de outubro, aconteceu online. Com o incentivo e coordenação do Ministério de Ciência e Tecnologia, cada instituição de ensino superior ou do ensino básico pode preparar e realizar eventos nos quais o foco temático do ano é abordado. Em 2020, o eixo dos eventos foi a inteligência artificial.
O coordenador da SNCT na UFSB, e atualmente coordenador de Criação e Inovação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, professor Matheus Ramalho de Lima, destacou que a unificação do programa de atividades para os três campi foi a maior diferença no evento de 2020: "Todo o planejamento foi para um evento online desde os primeiros encontros com os interessados na organização dos três campi". Isso se traduziu em variedade de abordagens, com 20 palestras ao longo dos cinco dias de evento e um público diverso. "Cerca de 13 mil pessoas foram impactadas com o evento esse ano, tudo via Canal da UFSB do YouTube, com suporte essencial da PROTIC", avalia o professor.
Para acessar as palestras da SNCT 2020, acesse este link para a lista do evento no Auditório Virtual UFSB.
A extensão no contexto do isolamento social
A coordenadora do II CONEX, professora Alessandra Simões, comentou sobre sua experiência. Ela destaca que o próprio tema da segunda edição do evento buscou estimular a reflexão do papel da extensão em meio à pandemia. Uma mudança foi estipular que trabalhos em andamento tivessem apresentação ao vivo, enquanto projetos já em finalização ou concluídos tivessem resultados mostrados em vídeos gravados previamente, com a duração determinada em um minuto. “Os vídeos ficaram disponíveis na página do evento e atualmente estão sendo divulgados um a um nas redes da PROEX; aliás, acabaram se transformando em um importante patrimônio audiovisual da extensão da UFSB”, avalia a docente. Os vídeos do evento podem ser acessados neste link.
Conforme a professora Alessandra, as escolhas atenderam a dois motivos: ajustar o formato diante do cansaço geral provocado pela ascensão dos eventos online nesses meses todos, ao mesmo tempo em que se promoveu a reflexão sobre o papel da extensão em um contexto de isolamento social. “Dando mais atenção às atividades que estão ativas por meio das apresentações ao vivo, podemos ter um maior foco na questão que marcou a extensão este ano: como fazer extensão longe das comunidades, uma vez que a comunidade externa é o principal motivo de existência da extensão?”, afirma.
O modelo parece ter facilitado a participação de muitos interessados nas atividades extensionistas. O total de ouvintes chegou a 1.016 ouvintes, considerando as pessoas que assinaram as listas de presença. Em comparação, o I Conex em 2019 somou 233 participantes. A professora Alessandra considera o número bastante relevante: “Lembro que vi nos chats muita gente de outras universidades participando, envolvidas com a área de extensão mesmo, pessoas comentando os trabalhos, etc. Em relação às apresentações, tivemos também um aumento expressivo, foram 61 este ano, contra 44 no ano passado.
Ela destaca ainda que percebeu integração intercampi na realização do evento, um aspecto bastante facilitado pela Internet, com o evento sendo feito pela e para a comunidade acadêmica. “A única desvantagem seria algo mais subjetivo que nos remete à questão da pandemia como um todo: estar longe das pessoas. Porém, em termos de troca de experiências e conhecimento, de comunicação, e de logística em eventos, os prós são muito maiores”, conclui.
Uma das lições que a professora Alessandra sintetiza sobre essa experiência é que o uso da tecnologia deve ser mantido mesmo depois da situação sanitária voltar a um normal. “Mesmo com as coisas voltando ao “normal”, talvez seja mais interessante manter eventos como este em formato online ou talvez em um formato misto, pois também é importante avaliarmos os prejuízos para as pessoas que têm mais dificuldade em acessar a internet, como algumas comunidades rurais”, avalia, destacando ainda que a normalidade que teremos diante dos nossos olhos não será a mesma de antes.
Contando os dias para que seja possível voltar “à extensão real”, no contato presencial e no diálogo com as comunidades, a docente considera que a adaptação do CONEX ao modelo online foi positivo, com economia de tempo, contato com pessoas em espaços distantes e facilitando a troca de informações com eficiência: “Diante do formato intercampi da UFSB, nossa comunidade interna e as comunidades de nossos territórios só têm a ganhar”.
Partilha online dos resultados das pesquisas
O sexto Congresso de Iniciação à Pesquisa, Criação e Inovação (CIPCI) atendeu diversas demandas no formato de transmissão on-line. Como espaço oficial para a exposição dos resultados de projetos apoiados pelo Programa Institucional de Iniciação à Pesquisa, Criação e Inovação (PIPCI), o congresso é compartilhador dos conhecimentos obtidos, experiência formadora para os estudantes e futuros cientistas e um modo de prestar contas pelo investimento de recursos públicos no desenvolvimento de projetos e preparo de profissionais de alto nível. Além disso, o CIPCI é também mais uma ocasião de congraçamento de estudantes e docentes.
A coordenadora do evento, e atual coordenadora de Pesquisa na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPPG), professora Ângela Sivalli Ignatti, ressaltou que o CIPCI 100% on-line "demandou grande alteração na dinâmica de suas atividades finalísticas", da abertura às sessões de apresentação dos trabalhos finais de iniciação científica e tecnológica, bem como das bancas de avaliação daquelas apresentações e dos trabalhos escritos.
Para o evento de abertura ocorrido no dia 07/12, afirma a gestora, a principal mudança foi a mesa de abertura virtual, combinandoo sistema de videoconferência da Rede Nacional de Pesquisa e a transmissão ao público em geral pelo YouTube. A abertura teve a presença de nossa reitora, professora Joana Guimarães da Luz, do pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, professor Rogério Quintella, e do convidado de honra, professor Jailson Bittencourt de Andrade, pesquisador A1 do CNPq, professor da UFBA e pró-reitor de Pesquisa do SENAI CIMATEC. A conferência proferida por ele foi especialmente elaborada tendo em mente os estudantes de graduação, e em especial aos participantes do PIPCI, o Programa de Iniciação Pesquisa, Criação e Inovação da UFSB. O tema tratou dos princípios e desafios da pesquisa científica e do desenvolvimento de inovação tecnológica. Quem assistiu pôde receber certificação (com prévia inscrição no sistema SIGEventos) e enviar perguntas ao conferencista.
Já para as apresentações dos trabalhos de finalização dos estudantes do PIPCI, a professora Ângela conta que foi criado um plano minucioso, cuidadosamente traçado em parceria com a coordenação do evento na PROPPG, com os três coordenadores locais de cada campus da UFSB e com a Diretoria de Multimídia da PROTIC. "A estratégia dessa equipe de organização foi elaborar um formato de apresentação e de avaliação 'leve' e seguro do ponto de vista de trafego de dados na internet, que permitisse aos estudantes se apresentarem e serem avaliados pelos docentes com o menor risco de queda nas transmissões por videoconferência", explica a professora. Esse objetivo levou à escolha do formato de apresentação em poster virtual com transmissão via sistema MConf/RNP, sem apresentação de vídeo previamente gravado ou qualquer outro dispositivo que pudesse sobrecarregar as transmissões.
Outra medida adotada foi a criação de dois planos de contingência: um com avaliadores suplentes de plantão em cada sala virtual para prontamente substituírem docentes que tivessem problemas de conexão, e outro com a organização de uma banca-extra para atender os estudantes que tivessem problemas de conexão no horário previamente agendado entre os dias 8 e 9/12. "Essa estratégia mostrou-se muito eficiente, visto que, das 100 apresentações agendadas, 95 aconteceram no dia e horário regulamentar, três apresentações ocorreram na banca-extra e dois estudantes não puderam estar presentes no evento por motivos particulares", avalia a professora Ângela, que destacou também a colaboração de docentes ao evento online. De 142 docentes-avaliadores envolvidos, em apenas seis casos foi preciso acionar suplentes, e somente dois docentes-orientadores não compareceram. Para a coordenadora do CIPCI, "esses números demostram que a comunidade acadêmica aderiu muito bem ao modelo proposto para o 6º. CIPCI e que o sistema de transmissão foi bastante eficiente".
Com o evento realizado, a coordenadora avalia que entre os pontos positivos do CIPCI on-line estão a redução de custos financeiros e de logística: "em eventos anteriores era necessária a alocação, nem sempre fácil, de uma infraestrutura de espaço como salas e auditórios nos três campi, além da aquisição de materiais como banners, cavaletes, decoração". Ela também destaca que o formato online reduziu a necessidade de mais pessoas na organização, com a equipe se dividindo em atividades de coordenação, mediação das bancas de avaliação e de envio e monitoramento de comunicados entre a coordenação e estudantes apresentadores, docentes-avaliadores e orientadores e técnicos de TIC. "Com essa equipe menor, a ocorrência de erros de procedimento ou de desencontros de informação foi praticamente nula".
Na lista de pontos negativos, a professora Ângela aponta para a falta da "interação entre docentes, estudantes, técnicos, entre colegas de organização, que torna estes momentos de congresso muito ricos, com trocas de informações extra evento, com aqueles momentos de confraternização em que podemos rever colegas, ex-alunos, pessoas com quem não temos tanto contato no dia a dia, tomar aquele lanche na abertura ou no fechamento das seções de atividades que trazem um clima acadêmico muito positivos para todos os atores envolvidos". Ela pondera também que o planejamento nesse modelo virtual demanda um aumento de reuniões para que nenhum aspecto fosse esquecido, considerando que muitos detalhes práticos do CIPCI poderiam passar despercebidos. "No entanto, esse 'contra' acabou transformando-se num ponto positivo, pois nos forçou a antecipar eventuais problemas e planejar estratégias de solução", ressalta.
A professora Ângela Ignatti destaca três pontos como aprendizados deixados pelo CIPCI on-line. O primeiro é a importância de se trabalhar com uma equipe coordenadora muito comprometida com o sucesso do evento, que tenha experiência com transmissões de atividades acadêmicas on-line e com habilidade de comunicação por e-mails, aplicativos de mensagem e outros meios virtuais para manter a comunidade acadêmica constantemente informada dos procedimentos a serem seguidos durante todas as etapas do evento. Ela aproveita para parabenizar as pessoas que coordenaram localmente o CIPCI nos três campi: a professora Angela Garcia (Campus Sosígenes Costa); professora Jane Mary Guimarães (Campus Jorge Amado) e professor Eliseu Alves Silva (Campus Paulo Freire): "O trabalho deles, junto com suas equipes locais, foi incansável, rigoroso e extremamente comprometido, de forma que foi possível alcançarmos os números acima descritos de participação exitosa nas das apresentações e bacas de avaliação do evento. A capacidade desses docentes-coordenadores de alinhar dentro de nossa equipe geral de coordenação todos os procedimentos técnicos e operacionais e fazer o mesmo com suas equipes de trabalho local foi excelente".
A demanda intensa por tecnologia para transmitir e gravar as atividades é outro ponto relevante, e a professora Ângela afirma que a colaboração da Pró-Reitoria de Tecnologias da Informação e Comunicação (Protic) foi decisiva. Conforme ela, a PROPPG iniciou tratativas com o diretor de Multimídia da Protic, no início de novembro, e a partir daí a equipe de coordenação do CIPCI elaborou o modelo de transmissão adequado ao evento em parceria com os técnicos do setor. Os preparativos feitos pelos técnicos de TIC nos campi também são avaliados como cuidadosamente organizados e implementados. "Essa articulação com os profissionais de TIC e a compreensão da dinâmica do trabalho deles foi fundamental para o sucesso do evento e configurou-se como um dos grandes a aprendizados dessa experiência", diz a professora.
O processo de organização das informações do evento é outro aprendizado citado pela coordenadora do CIPCI, apontando para a necessidade de pensar estrategicamente a criação de um website completo, atrativo e acessível para o evento. "A equipe investiu forças na criação de um site que centralizasse todos os dados do evento, orientações para estudantes e para orientadores", explica Ângela. Para ela, o planejamento deve prever soluções para problemas prováveis, como "baremas em editor de texto para o caso de impossibilidade de preenchimento online da avaliação no SIGAA e para agilizar o trabalho dos avaliadores-suplentes; a organização do controle de presença virtual; o estabelecimento de rotinas de emissão de comunicados constantes aos estudantes e docentes envolvidos, sobretudo as etapas do evento".
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