“Reafirmo aqui a compreensão de que a Universidade é uma construção coletiva”, fala Reitora da UFSB
Aconteceu ontem, 12, a solenidade de transmissão do cargo de Reitor e posse de Vice-Reitor da UFSB para o quadriênio 2018-2022. A professora Joana Guimarães e o professor Francisco Mesquita foram indicados pela comunidade acadêmica com a Chapa Pé no Chão, que obteve 64,82% dos votos.
A Reitora foi nomeada pela Presidência da República no dia 24 de maio e empossada pelo Ministro da Educação, em Brasília, no último dia 20 de junho. Na cerimônia, foi conduzida ao cargo pelo Vice-Reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBa), Professor Paulo César Miguez de Oliveira.
O evento solene ocorreu no auditório da Reitoria, em Itabuna, e teve ampla participação de estudantes, docentes, servidores(as) técnico(a)-administrativos(as), autoridades civis e militares e representantes de diversas instituições públicas, privadas e da sociedade civil.
Estiveram presentes na mesa de honra, além das autoridades empossadas, o reitor da Universidade Federal do ABC (UFABC), Professor Dácio Matheus; a Reitora da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Adélia Maria Carvalho de Melo Pinheiro; o Vice-Reitor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Marcos Henrique Fernandes, e o Reitor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Silvio Luiz de Oliveira Soglia.
O Vice-Reitor da UFBa, universidade que iniciou o processo de implantação da UFSB, declarou aberta a sessão e, após a execução do hino nacional, assumiu a palavra saudando toda a comunidade acadêmica da UFSB. O professor Paulo Miguez transmitiu à professora Joana e ao professor Mesquita abraços da comunidade acadêmica da UFBa, comunicando a ausência do Reitor, professor João Carlos Salles, por motivos de gozo de férias e de tratamento de saúde.
Em suas palavras, o professor Miguez destacou a importância do momento afirmando que, agora, a UFBa “deixa de ser mãe para ser irmã da UFSB”. Ele complementou, declarando: “nos tranquiliza saber que esta nova irmã está entregue em tão boas mãos.” Disse também que Joana e Mesquita “terão sempre uma boa parceira para enfrentar os desafios, que não são poucos.”
Miguez atestou que “a cerimônia culmina com algo que é resultado de um processo democrático, de consulta à comunidade da UFSB. Sabemos como esse é um momento único na vida das universidades, quando compromissos são apresentados. Sabemos o valor da democracia não apenas nas aulas, mas como método indispensável no cotidiano das nossas instituições.”
Sinalizou também que “os próximos quatro anos vão exigir ainda mais que provemos a necessidade da universidade como espaço de cidadãos”, constatando que “não há excelência acadêmica sem assistência estudantil de qualidade, sem inclusão”, sendo, portanto, “imperativo que a produção do conhecimento se dê num ambiente de inclusão social.”
Paulo Miguez encerrou seu pronunciamento desejando sucesso a Joana e Mesquita e renovou os compromissos da UFBa com a UFSB. Na conclusão, o professor e vice-reitor disse que “somos todos pessoas muitos felizes porque estamos no melhor lugar do mundo: a universidade pública.”
Em seguida, o Vice-Reitor da UFBa lavrou o Termo de Transmissão de cargo de Reitor à professora Joana. Investida no cargo, a Reitora deu posse ao Vice-Reitor, professor Mesquita, após assinatura do Termo.
O professor Marcos Henrique Fernandes, Vice-Reitor da UESB, conduziu sua fala pelo enaltecimento à interiorização do ensino superior público e refletiu ainda que, para mantê-la, “é necessário estarmos juntos na luta.” Ele assinalou como missão importante da UFSB, co-irmã da UESB, permanecer na luta e na resistência, por “estarmos irmanados e com disposição para o trabalho.”
“Tenho certeza de que a comunidade acadêmica da UFSB está em festa.” Assim festejou a Reitora da UESC, professora Adélia Maria Carvalho de Melo Pinheiro, que se dirigiu à Reitora Joana, cumprimentando-a “não apenas por ser mulher, mas por sempre manter um diálogo de construção, de acolhimento.”
Adélia Pinheiro reconheceu o retorno de Joana à região de origem, fazendo o que, na sua opinião, “é o que uma pessoa pode fazer de melhor na vida: trabalhar na educação e na educação superior.” Ela admitiu que os processos de consulta em universidades públicas são muito duros, pois são disputas, mas também representam a diversidade das instituições. “E, quando chega o momento da posse, é um refazimento.”
A professora Adélia lembrou que, ao iniciar o processo de mobilização para a implantação da UFSB, a UESC se envolveu, tendo que “segurar a ansiedade” por poder dividir a educação superior, pois, por muitos anos, foi a única universidade do território, a menor dentre as estaduais. Bendisse as universidades estaduais da Bahia, por terem cumprido o papel de interiorizar o ensino superior público, por muito tempo restrito apenas à capital.
“A chegada da UFSB, para nós, foi puro deleite. Não estamos mais sós.” Ela se referiu também à instalação dos Institutos Federais dos campi de Ilhéus e Uruçuca, afirmando que “a solidão da UESC” findou e, agora, “são quatro para compartilhar enormes responsabilidades.”
Mencionou a necessidade cotidiana de mostrar a importância da universidade. “A sociedade nos mantém e tem que saber o que estamos fazendo.”
Para ela, “é impossível abrir mão da autonomia didático-científica da universidade.” E, dirigindo-se especialmente a Joana, disse: “Esse é o grande desafio e o grande divertimento de ocuparmos este lugar com jovens com brilho no olhar e que enxergam, no futuro, um país diferente.”
O Reitor da UFRB, Silvio Soglia, manifestou sua admiração pela coragem de Joana e Mesquita assumirem a Reitoria da UFSB, que, na sua opinião, “é mais que a luta de um povo ou de uma política pública, é um processo e uma experiência civilizatória.”
Soglia avaliou ainda que as instituições federais de ensino públicas como a UFRB e a UFSB estão construindo uma universidade diferente. “Somos muito diferentes de uma instituição que forma mão de obra profissional. É incompatível querermos tratar a universidade como repartição pública, pois ela tem uma característica que é ser um espaço de liberdade, de criação, e, portanto, não cabe na lógica do mercado.”
Lembrou seu tempo de convivência com o professor Mesquita, quando este foi vice-reitor da UFBa e participou do processo de implantação da UFRB. “Fico feliz por você colocar sua experiência administrativa num projeto como este”, comemorou. Sobre Joana, ressaltou o valor da mulher, da mulher negra, ocupar esse espaço. “E isso não é pouco. Estamos mudando de fato a cor e a estrutura elitista da universidade.”
O professor Dácio Matheus, Reitor da UFABC, recordou que Joana e ele foram eleitos juntos e nomeados praticamente no mesmo dia. Ele disse que “a UFSB está celebrando a autonomia, vendo respeitado um processo de escolha de novos dirigentes.”
O reitor estabeleceu relações entre a UFABC e a UFSB, ratificando o laço de irmandade entre as duas instituições. Associou o vínculo, principalmente, à “discussão de algo muito importante que é a interdisciplinaridade. Ouso dizer que os Bacharelados Interdisciplinares são a porta de entrada para a universalização do ensino. E a UFABC e a UFSB se ligam umbilicalmente nessa missão.”
Dácio Matheus declarou ainda que a UFSB e a UFABC têm, “em espaços territoriais muitos distintos, compromisso com nossas realidades regionais, locais, com os olhos na excelência acadêmica e nos grandes desafios da humanidade: sustentabilidade, superação da pobreza e, sobretudo, a superação da intolerância.”
O Vice-Reitor empossado da UFSB, Francisco Mesquita, registrou, em seu discurso que, em 2018, a UFSB completa cinco anos de criação, quatro de funcionamento, e a cerimônia de posse foi um passo importante na consolidação do processo democrático da instituição, após as eleições para os decanatos.
Reconheceu o papel do ex-reitor, professor Naomar Monteiro de Almeida Filho, e seu trabalho conjunto na gestão em diferentes situações.
Extraiu trechos do discurso de posse da professora Joana no MEC, confidenciando ao público que sua decisão para aceitar a candidatura a vice-reitor deveu-se ao apoio do pessoal técnico-administrativo da UFSB, que lhe serviu de parâmetro. Assegurou que pretende acompanhar a Reitora Joana nessa caminhada em favor da UFSB como bem público.
Mesquita assinalou a sintonia com Joana no entendimento das questões centrais que fundamentam o programa de trabalho da nova gestão, apontando dois pontos de maior relevância: a valorização e expansão da Rede CUNI e o incremento dos Complexos Integrados de Educação (CIEs) e das Licenciaturas Interdisciplinares e a relação com a educação básica. Estes são, para ele, os diferenciais da UFSB, considerando sua experiência no processo de implantação de outras universidades.
A Reitora da UFSB, Joana Guimarães, apresentou sua mensagem à comunidade, manifestando alegria e extrema honra “pela distinção que recebi da comunidade universitária, delegando-me a tarefa de conduzir esta instituição pelos próximos quatro anos.”
Ela reiterou sua confiança no professor Mesquita e em toda a equipe da gestão, reconheceu o trabalho do Professor Naomar Almeida “no trabalho incessante para fazer da ideia do projeto da UFSB uma realidade”, reafirmando sua compreensão de que a universidade é uma construção coletiva, que depende do empenho de todos os segmentos.
Em sua análise, “nosso grande desafio contemporâneo é combinar a expansão do número de vagas com a manutenção e melhoria da qualidade acadêmica com inclusão social. Os significativos avanços que a Universidade vem alcançando, nesse curto tempo de existência, não seriam possíveis sem a decisiva participação dos três segmentos que a compõem (professores, estudantes e servidores técnicos-administrativos). Convido, assim, os três segmentos da UFSB para um trabalho coletivo e cooperativo, dentro da premissa de que a instituição e seus objetivos são maiores e estão acima de cada um de nós.”A Reitora conferiu destaque especial à comunidade externa, “que tem uma importância fundamental na nossa construção como universidade socialmente comprometida.” Registrou também as parcerias com as outras instituições de ensino superior públicas que atuam nos territórios onde a UFSB funciona.
Para finalizar, a Reitora renovou seu entendimento sobre “a densidade simbólica, afetiva e efetiva daqueles que sabem andar com os pés no chão. Estes não andam jamais sozinhos. E eu não ando só. Sei do que sou feita, de onde vim e para onde caminho, sei com quem luto e com quem dialogo quando assumo a tarefa de gerir como reitora uma universidade no Sul e Extremo Sul da Bahia.”
A solenidade foi encerrada com apresentações musicais por servidores(as) e colaboradores(as) externos.
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