Herbário Professor Geraldo (GCPP) da UFSB está disponível de forma on-line
O Herbário Professor Geraldo C.P. Pinto (GCPP) está com o seu Banco de Dados disponível para consulta pela Internet a partir da rede SpeciesLink. Essa plataforma reúne os bancos de dados das Coleções Biológicas nacionais e estrangeiras, promovendo o acesso livre aos dados sobre a Biodiversidade. Isso foi possível graças ao ingresso do GCPP no Programa do INCT-Herbário Virtual da Flora e dos Fungos (INCT-HVFF). Mas afinal, você deve estar se perguntando, “o que é um Herbário e por que é importante disponibilizar os dados do GCPP on-line?”
Print dos dados do GCPP disponíveis na rede SpeciesLink em parceria com o INCT-Herbário Virtual da Flora e dos Fungos (16/03/2023)
Um herbário é uma coleção biológica de partes de plantas secas, cientificamente catalogadas e que servem para diversos estudos sobre a Flora de uma região ou até mesmo do Planeta, dependendo do tamanho do seu acervo de amostras. O herbário é o local onde a Ciência comprova a existência de uma espécie de planta no território e verifica a sua origem nativa ou exótica (originária de outro país). Estudos que descobrem espécies novas para a Ciência, determina o nome científico correto de uma planta, registra a sua distribuição geográfica, descreve a variação das características fenotípicas das espécies vegetais, armazena informações históricas que possibilita saber quais pesquisadores coletaram as plantas em uma determinada região, há quantos anos uma espécie não é coletada num determinado lugar, quais espécies são endêmicas (só ocorrem naquele lugar do Planeta), quais são ameaçadas de extinção, quais espécies podem ser utilizadas na recuperação de áreas degradadas, na arborização das cidades, nas pesquisas com compostos medicinais, na etnobotânica, nos corredores ecológicos, além de outros estudos que dependem da correta identificação de uma espécie.
Foto do Processo de montagem de uma exicata. Foto: Jorge Costa (2018)
Por ser tão importante para o conhecimento científico, os herbários abrigam coleções fundamentais para o conhecimento sobre a biodiversidade global. Seja uma coleção composta por milhões de amostras ou mesmo uma coleção inicial de regiões com alta importância biológica como o Sul da Bahia. Os herbários estão sendo utilizados como instrumentos importantes de disponibilização de informações para os tomadores de decisão em diferentes esferas de poder. Desde a Conferência Mundial para o Meio Ambiente promovida pelas Nações Unidas no ano de 1992, no Rio de Janeiro, conhecida como Rio 92 ou Eco 92, a Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) estabeleceu protocolos e metas cujos países signatários se comprometem a estudar e preservar a sua biodiversidade. Essas metas são apresentadas e revisadas de tempos em tempos na COP da Biodiversidade (Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade) e os países precisam apresentar os seus resultados que mostrem como estão contribuindo para a Conservação e minimização dos impactos causados pelo Ser Humano no Planeta. A COP 15 aconteceu em Montreal, Canadá, em dezembro de 2022, resultando em 23 metas a serem cumpridas até o ano de 2030 pelos países que participam da ONU. Dentre essas metas, os herbários representam fonte importante de informação para subsidiar alcançá-las, especialmente a Meta 21 que estabelece “assegurar que os melhores dados, informações e conhecimentos disponíveis sejam acessíveis aos tomadores de decisão, profissionais e ao público para orientar uma governança eficaz e equitativa, gestão integrada e participativa da biodiversidade e fortalecer a comunicação, conscientização, educação, monitoramento, a pesquisa e gestão do conhecimento...” ,[desde que os conhecimentos e tecnologias dos povos tradicionais estejam resguardados por legislação própria].
Foto de coleta de amostras de plantas no campo. Tratamento do material para ser herborizado. Foto: Cristiana Costa (2017)
Neste contexto, o Herbário Professor Geraldo Carlos Pereira Pinto (GCPP) do Centro de Formação em Ciências Ambientais (CFCAm) da UFSB, presta uma homenagem a esse Eng. Agrônomo baiano que contribuiu muito para o conhecimento da Flora da Bahia e do Brasil entre as décadas de 1960-1990, além de ajudar a desenvolver melhores tecnologias de cultivo e produção do dendê, de várias espécies de gramíneas e do cacau, incluindo a doação de clones importantes no início da CEPLAC e que foram utilizados nas cabrucas no sul da Bahia. O prof. Geraldo também descobriu espécies novas que levam o nome em sua homenagem como a Ipomoea pintoi (batata-da-serra da Chapada Diamantina) e o Arachis pintoi (amendoim-forrageiro) descoberto por ele na foz do rio Jequitinhonha em Belmonte/BA e que hoje é utilizado em diversas parte do mundo como forragem para o gado e no paisagismo de residências e vias publicas de nossas cidades.
O GCPP foi fundado em 17/04/2015 com o objetivo amostrar, estudar, resguardar e divulgar o conhecimento sobre a diversidade vegetal, com especial atenção à Flora da Mata Atlântica do Extremo Sul da Bahia. O seu curador é Jorge Costa e a vice-curadora é Cristina Costa. Atualmente, o acervo do GCPP comporta aproximadamente 3.000 espécimes. As coletas dos espécimes depositados são principalmente de áreas de floresta e restinga da Mata Atlântica do Sul da Bahia, bem como do Cerrado do Oeste da Bahia e do Campo Rupestre da Chapada Diamantina, além de algumas amostras de outros estados do Brasil. O herbário GCPP está registrado na Rede Brasileira de Herbários (Sociedade Botânica do Brasil) desde 2017. Coleções históricas principalmente da Estação Ecológica da CEPLAC e RPPN Estação Veracel integram o acervo, registrando até o momento, 112 famílias de Angiospermas, 08 de Samambaias e Licófitas e 01 de Briófita. Além do acervo de exsicatas, o GCPP conta com outras Coleções associadas tais como a coleção de pólen - Palinoteca (palinoFloras), a Carpoteca (frutos), Sementoteca (sementes) e a Xiloteca (madeira).
"Esperamos que a disponibilização dos dados online ajude a subsidiar pesquisas científicas e na proposição de políticas públicas que promovam a conservação da Flora. Estamos trabalhando firme na acurácia das informações, contando a participação de diversos estudantes, técnicos e parceiros para aumentar cada dia mais o número de amostras no GCPP e quem sabe um dia ultrapassar as 100 mil amostras provenientes não só do sul da Bahia, mas também de outras partes do Brasil e do mundo!", afirma o professor Jorge Costa.
Texto: Jorge A.S. Costa e Cristiana B.N. Costa
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