Professora divulga pesquisa no Reino Unido com suporte de associação de hispanistas
Em outubro, a professora Alessandra Simões Paiva, dos cursos LI/BI Artes e PPGER, no CJA, foi contemplada com suporte financeiro proveniente da The Association of Hispanists of Great Britain & Ireland (AHGBI) para viagem acadêmica à Inglaterra. O apoio cobriu uma visita de dez dias ao Reino Unido para a participação da professora no 5o Congresso Internacional da Rede Europeia de Brasilianistas de Análise Cultural (REBRAC), que ocorreu na cidade de Leeds, e cujo tema foi “Os Anos 22: Emaranhamentos Culturais Brasileiros, de Outrora e Agora”. A professora também assumiu outros compromissos como contrapartida ao suporte financeiro.
A aplicação para o prêmio foi conduzida pela professora doutora Thea Pitman, da área de estudos latino-americanos, da School of Languages, Cultures and Societies, University of Leeds. O congresso, que ocorreu de 20 a 22 de outubro, contou com o apoio da School of Languages, Cultures and Societies, além de instituições importantes, como Society of Latin American Studies (SLAS) e Association of Lusitanists of Britain and Ireland (ABIL). Na ocasião, a professora Alessandra apresentou o trabalho “Reapropriar para reparar: o centenário da Semana de 22 sob a ótica decolonial”, publicado na revista Brasileiros (https://artebrasileiros.com.br/opiniao/centenario-da-semana-de-22-sob-a-otica-decolonial/).
Criada em 2015, a REBRAC (https://rebrac.net/) tem como objetivo fornecer espaço para pesquisadores experientes e de pós-graduação, ou em início de carreira, que trabalham com estudos culturais e análise cultural sobre o Brasil. Atualmente, a rede é administrada de forma voluntária por suas fundadoras, Sara Brandellero (Leiden University), Stephanie Dennison (University of Leeds) e Tori Holmes (Queen's University Belfast). A aceitação da professora Alessandra como membro do REBRAC no início deste ano permitiu com que ela fizesse a aplicação ao prêmio da AHGBI. Em Leeds, além da participação no congresso da rede de brasilianistas, a professora ministrou uma aula para estudantes de pós-graduação na School of Languages, Cultures and Societies, cujo tema foi “A virada decolonial na arte brasileira”.
Após o congresso, Alessandra visitou a University of Essex, em Colchester. A docente foi recebida pela professora doutora Lisa Blackmore, da área de História da Arte e estudos interdisciplinares, diretora do Environment, Society & Culture e Global Studies & Latin American Studies. Na oportunidade, Alessandra conheceu a Essex Collection of art from Latin America (ESCALA), que conta com cerca de 700 obras e é considerada a única coleção de arte latino-americana pública na Inglaterra. O acervo, que tem como curadora Sarah Demelo, faz parte do sistema de ensino na universidade, onde estudantes de vários departamentos trabalham com obras de arte, incluindo História da Arte, Linguagem, Linguística e Direitos Humanos (a universidade também conta em sua biblioteca central com um acervo de dez mil livros sobre arte latino-americana). Curiosamente, a coleção foi iniciada com a doação de obras pelo então estudante Charles Cosac, em 1994. Logo após se formar, Cosac, que é de origem síria, veio morar no Brasil, onde fundou a mais importante editora especializada em livros de arte, a Cosac Naify.
Ainda em Essex, Alessandra proferiu a palestra “A virada decolonial na arte brasileira: ecologia e paisagem", para o grupo de alunos do módulo de pós-graduação “Colecionando Arte da América Latina”, e esteve em reunião com a professora Lisa Blackmore e Jamille Pinheiro Dias, professora de Environmental Humanities, no Institute of Modern Languages Research, na University of London’s School of Advanced Study. Ao retornar ao Brasil, a professora ainda fez uma palestra on-line para a atividade Seminar Series, organizada pela School of Philosophy and Art History, da University of Essex (https://www.essex.ac.uk/events/2022/11/03/spah-seminar-series-week-5). “Após minha fala para os alunos da pós, foi muito interessante acompanhar a continuação da aula pela professora Lisa, que utilizou obras da coleção para discutir temas que eu havia abordado. É uma metodologia que eles chamam de aprendizagem por meio de objetos. Isto me levou a pensar sobre a possível aplicação deste método em minhas aulas. Tenho várias obras em casa que posso levar para a sala e praticar a aprendizagem com os estudantes por meio delas”, contou a professora Alessandra, lembrando todas as palestras feitas na Inglaterra têm estreita relação com sua pesquisa registrada na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós- Graduação (PROPPG), na UFSB. Intitulada “Revolução a partir das margens: a virada decolonial no mundo da arte contemporânea brasileira”, a pesquisa foi contemplada com bolsa de iniciação científica, direcionada para o estudante Heliabe Noronha, da LI Artes.
Segundo a professora Alessandra, o apoio da AHGBI foi fundamental para a divulgação de sua pesquisa e da própria UFSB no exterior. “É muito interessante estar como latino-americana entre europeus latinistas. Nossa visão é única em relação a nós mesmos. Eles têm muito interesse em nos escutar”, afirma a professora, lembrando que o fato de estar na Bahia é ainda um ponto importante, uma vez que um território marcado pela presença indígena, afro-diaspórica e agroecológica traz muito elementos para a análise cultural. “É muito interessante, por exemplo, falar da estrutura de nossa LI Artes, que é um curso com uma estrutura pedagógica e visão das artes realmente decolonialistas”.
A AHGBI nasceu em 1955, com cerca de vinte professores universitários que se reuniram para formar uma associação destinada a fornecer um fórum para o intercâmbio regular de ideias e informações entre os hispanistas britânicos. A Associação cresceu e atualmente conta com cerca de quatrocentos hispanistas, dos quais a grande maioria são professores universitários britânicos e irlandeses em exercício. Para conhecer mais, acesse o site: https://www.hispanists.org.uk
Texto:PROEX
Redes Sociais