Estudantes de Artes apresentam produção inspirada em encontro de saberes
Estudantes inscritos no componente curricular Ateliê em Encontros de Saberes, no Campus Paulo Freire, colocaram em prática a proposta feita em aula. Após uma visita a um terreiro de umbanda, na semana seguinte à visita, o exercício das/os estudantes foi o de experimentar diferentes linguagens e dar forma artística à experiência vivenciada na roda de conversa no terreiro. Música, poemas, pinturas, colagens, dança foram experimentadas para a elaboração da atividade, ocorrida na quinta-feira (11).
A base de saberes tradicionais que inspirou os trabalhos foi encontrada na Tenda de Umbanda Luz Divina de São Jorge, que os estudantes visitaram uma semana antes. Ali, puderam estabelecer uma roda de conversa com dirigentes e médiuns da casa. A preparação já havia acontecido em sala de aula: após alguns encontros em que a turma discutiu os conceitos de “ecologia de saberes”, “mestras e mestres da cultura tradicional e popular”, “umbandas”, havia chegado a hora de conversar com Mãe Lia, uma mestra do saber religioso, dirigente do terreiro que fica localizado no município de Teixeira de Freitas.
Mãe Lia falou sobre seus primeiros contatos com a umbanda, há quase trinta anos, os preconceitos que ela mesma e sua família nutriam, as dificuldades, o reconhecimento de seu guia espiritual, São Jorge, a primeira mesinha de trabalho, a vela firmada, os quadros de Santa Bárbara e Cosme e Damião na parede, até o processo de trabalho e formação mediúnica de seus filhos – carnais e espirituais – e o que hoje se tornou a Tenda de Umbanda Luz Divina de São Jorge.
“Perceber como Mãe Lia foi construindo o seu saber, recebendo direcionamentos do ‘invisível’, por intuição ou por mensagens confiadas a outras médiuns, forma completamente diversa do modo como se constrói o saber acadêmico, permite uma importante reflexão epistêmica junto às/aos nossos estudantes de artes da UFSB”, afirma o professor Fernando Leão, responsável pelo componente.
A estudante Myllena Carmo, do Bacharelado Interdisciplinar em Artes, musicou um poema em que resume a experiência:
De pés no chão,
Com sobriedade e sabedoria,
Ouvi ela falar
O quão turbulenta foi sua vida.
E até estranhei a sua leveza,
E, enquanto sorria,
Ela contou que acendeu uma vela
E a fé a salvou.
Ela cumpre a missão,
Abriu um terreiro
E aos seus filhos ensina.
E tem a proteção
De Ogum, o seu pai,
E sua mãe, Yansã.
Já o estudante Filipe Ruffino, da Licenciatura Interdisciplinar em Artes e suas Tecnologias, preparou uma dança inspirada nos movimentos de Ogum, que ele intitulou Guerreiro de Ogum. Muitos outros trabalhos marcaram a primeira parte do Ateliê em Encontros de Saberes, neste quadrimestre 2022.2. Agora, de forma mais autônoma, as/os estudantes partem para pesquisar, conceber e realizar o seu projeto final do componente, que será apresentado na Semana das Artes, no dia 08 de setembro, em apresentação pública, no Campus Paulo Freire.
Com informações por Fernando Leão. Fotos por Charlie Andrade, LIArtes/CPF.
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