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Pesquisa-intervenção na EJA abriu série de defesas da primeira turma do PPGER

  • Escrito por Heleno Rocha Nazário
  • Publicado: Terça, 07 de Maio de 2019, 16h17
  • Última atualização em Quarta, 08 de Maio de 2019, 15h53
  • Acessos: 3837
flavio defesa 1Na sequência de conclusão das primeiras turmas dos programas de pós-graduação da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), coube a Flávio Barreto de Matos a abertura da série de defesas de trabalhos finais do Programa de Pós-Graduação em Ensino e Relações Étnico-Raciais (PPGER). No caso do primeiro mestre formado pelo programa, o trabalho chama-se Os corpos que a Escola não toca: EJA e as dissidências sexuais e de gênero na perspectiva da formação docente. A defesa ocorreu no dia 6 de maio, perante a banca formada pelos professores Ana Cristina Santos Peixoto (PPGER/UFSB), André Mitidieri (PPGLLR/UESC) e pelo orientador, professor Rafael Siqueira de Guimarães (PPGER/UFSB), na Secretaria Municipal de Educação de Una.
 
Como o PPGER é um mestrado profissional, o documento avaliado em banca é chamado produto final. No caso da primeira defesa perante banca na história do PPGER, trata-se de uma "unidade didática que apresenta metodologia desenvolvida e aplicada, resultado de uma intervenção pedagógica (formação docente) para profissionais que trabalham com a Educação de Jovens e Adultos, no município de Una, tendo como referencial teórico os estudos de gênero e os estudos étnico-raciais, que ajudam a pensar a descolonização do ensino", como explica o professor Rafael.
 
A experiência de Flávio como professor na Educação de Jovens e Adultos o levou a realizar uma pesquisa-intervenção junto a docentes que atuam na mesma área. O foco foi levar as discussões de gênero e sexualidades para a formação inicial de professores, uma vez que se percebeu que essa temática não era abordada em um contexto que leva à exclusão de pessoas LGBTI das escolas. O professor Rafael explica que a intervenção empregou metodologia participativa e que os docentes que participaram do processo referiram a importância destes temas que, sem a devida atenção, são encapsulados nos discursos de senso comum, de base conservadora, promovendo preconceito, discriminação e violências de muitas formas e excluindo as pessoas de seu direito à escolarização. Ao final da intervenção pedagógica, os educadores passaram a compreender que muitas vezes promoveram evasão da escola por desconhecimento de como agir. A pesquisa-intervenção contribuiu ainda para a percepção de que o currículo pode ser mudado para incluir as pessoas LGBTI ao ambiente de ensino. "Em um momento que temos um corte de 41% da Educação de Jovens e Adultos protagonizado pelo atual governo, defender a valorização desta modalidade de ensino, com um viés libertário, é essencial para produzirmos um enfrentamento a este momento tão difícil", argumenta o professor Rafael. 
 
O produto final defendido é o primeiro de 46 trabalhos a serem defendidos pela primeira turma. O professor Rafael destaca que a perspectiva de intervenção pedagógica do PPGER marca a relevância do programa para a região. Foi justamente para marcar essa proximidade da comunidade escolar que a defesa foi realizada na Secretaria Municipal de Educação de Una, onde a pesquisa-intervenção de Flávio foi desenvolvida. A sessão teve um público atento de docentes, estudantes e comunidade do entorno, "o que denota que a Universidade pode estar mais próxima das comunidades com a qual dialoga, numa busca incessante por aproximar o conhecimento produzido da comunidade. Há outras defesas que já estão sendo marcadas e que também acontecerão nos espaços de terreiros, escolas, quilombos, ONGs, espaços culturais, marcando politicamente a visão de mundo deste Programa", informa Rafael.
 
O PPGER se desenvolve atualmente nos três campi da UFSB, e pode selecionar candidatos de qualquer área de graduação. Um requisito é que a proposta pense o ensino e as relações étnico-raciais nos respectivos campos de atuação, e o PPGER reserva algumas vagas específicas para profissionais da educação com vistas a valorizar a profissão docente. "O programa de pós-graduação é totalmente gratuito, mas infelizmente não possui bolsas de estudo, pois as agências de fomento tanto federais como estaduais operaram cortes para a modalidade Mestrado Profissional na Área de Ensino desde o ano de 2016. Temos concentrado as aulas em dois dias da semana, incluindo períodos noturnos, para que as mestrandas e os mestrandos possam organizar-se em seus locais de trabalho", explica o professor.
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