Colóquio sobre currículo estreitou laços entre a UFSB e a educação básica
Aproximadamente 62 estudantes do Curso de Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Humanas (LICHS), em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Ensino e Relações Étnico-Raciais (PPGER) do Campus Sosígenes Costa (CSC/UFSB), promoveram, nos dias 12 e 13 de novembro, o I Colóquio Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e práticas docentes: como as escolas pensam os currículos escolares?
De acordo com a professora Eliana Póvoas, idealizadora do evento, “o Colóquio surge de um desejo antigo de provocar a aproximação entre as escolas das redes públicas e a universidade. Na verdade, em todos os componentes que ministro, sempre promovo essas aproximações, ainda que em pequena escala. No CC Políticas Educacionais e Gestão Escolar, que é do tronco comum das nossas Licenciaturas Interdisciplinares, desde a primeira vez que trabalhei, convidamos professores(as) da rede pública para, juntos(as), discutirmos algumas das temáticas trabalhadas no CC.”
A professora Eliana contou também que, neste ano, “aproveitando que já tínhamos um projeto de extensão em andamento junto aos(às) professores(as) da rede pública do município de Cabrália sobre a temática Currículo e Cultura, achei oportuno fazer algo maior, unindo os(as) estudantes do CC Políticas Educacionais e o grupo do PPGER do projeto de extensão.”
A mesa temática de abertura do evento, intitulada BNCC e Currículos: desmontar armadilhas e ocupar “brechas”, teve participação dos professores Edson Kayapó, do Instituto Federal Baiano (IFBA) e do PPGER/UFSB, Álamo Pimentel, da UFSB, Leonardo Lacerda, da Rede Municipal de Ensino de Porto Seguro e da Faculdade Nossa Senhora de Lourdes (FNSL), e Marize Resende, da Secretaria Municipal de Educação de Santa Cruz de Cabrália e mestranda do PPGER/UFSB.
O educador ressaltou também que “devemos construir um currículo que respeite, acima de tudo, as diferenças e que considere as nossas especificidades.” Leonardo Lacerda disse ainda que a interação que a UFSB vem articulando com os municípios da Costa do Descobrimento é a prova concreta do seu papel enquanto Universidade.Leonardo Lacerda Campos é graduado em Licenciatura Plena em História pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e mestre em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). O convidado considerou importante o evento pelo caráter emergencial do debate sobre a BNCC, “especificamente quando essa discussão se dá em uma perspectiva crítica do documento, haja vista a existência de muitas lacunas a serem preenchidas, pois não evidencia a Educação do Campo, a Educação de Jovens e Adultos, a Educação Escolar Indígena e transversaliza o ensino voltado para as relações étnico-raciais.”
Além da mesa de abertura, a programação do evento teve 6 Grupos de Trabalho (GTs), 4 oficinas e outras duas mesas: O (entre)lugar dos gêneros e das sexualidades na escola, da qual participaram Kauan Almeida e Emerson Mendes, e Corpo feminino negro: afetividades e violências, que teve falas contundentes de Bruna Silva, Monalisa Santos e Kaline Gonçalves.
De acordo com Emerson Mendes, estudante de Direito da UFSB (CSC), a mesa foi de extrema relevância, por “pensar a educação na perspectiva dos gêneros e das sexualidades, tendo como ótica os novos corpos e os novos sujeitos emergentes. Foi um espaço para poder pensar as potencialidades dos sujeitos, das escolas, esclarecer dúvidas dos(as) professores(as) da educação básica, que questionaram sobre como lidar com a diversidade, com a pluralidade de sujeitos e como podem auxiliar essas pessoas nas escolas.”
A mesa de encerramento teve a presença da reitora da UFSB, professora Joana Angélica Guimarães da Luz, e do professor Rafael Siqueira de Guimarães (PPGER/CJA-UFSB), responsável pela palestra intitulada Decolonialidade e monstros no currículo.Teka Pereira, professora da Rede Municipal de Porto Seguro e mestranda da turma do CSC do PPGER/UFSB, salientou que o Colóquio possibilitou, de fato, a aproximação entre estudantes das licenciaturas, dos(as) professores(as) que atuam nas escolas públicas. “Os(as) docentes que estão na prática pedagógica puderam protagonizar, compartilhando suas experiências com os(as) estudantes da UFSB e demais participantes. O evento destacou-se por vencer algumas barreiras, aproximando todos(as) na luta coletiva por uma educação de qualidade que contemple efetivamente as diferenças e promova a igualdade racial.”
A comissão organizadora informou que o número de participantes foi surpreendente, superando expectativas. Estavam previstas 300 pessoas. Depois, abriu-se para a participação de 400. No final, foram 857 inscrições e 651 participantes credenciados(as).
Fotos: Kauan Santos Almeida (PPGER/CSC)
Foto da mesa de encerramento: Gilene Pinheiro.
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