Questões indígenas, ciência e relatos de vida de estudantes movimentaram encontros de Antropologia no CSC
O Bacharelado em Antropologia, curso de segundo ciclo da UFSB, iniciou suas atividades neste quadrimestre no Campus Sosígenes Costa (CSC) com competência científica e compromisso social.
Nos dias 20 e 21 de agosto, docentes e discentes, com apoio do Programa de Pós-Graduação em Estado e Sociedade (PPGES), realizaram dois encontros acadêmicos com ampla participação de discentes na organização, o I Simpósio de Temáticas Indígenas do PPGES e a I Jornada Acadêmica de Antropologia na UFSB.
Também foi a oportunidade para a celebração do convênio Cafes-Cofecub “Regimes nacionais da autoctonia. Povos indígenas e estados nacionais nas Américas e Oceania (séc. XIX-tempo presente)”, firmado entre a UFSB e importantes instituições do Brasil e do exterior, o Museu Nacional (UFRJ), representado pelo Professor João Pacheco, e a École des Hautes Études em Sciences Sociales (EHESS), representada pelo Professor Alban Bensa. A mediação foi feita pelo Professor Pablo Antunha Barbosa, do curso de Antropologia e do PPGES/UFSB.
Aproximadamente 80 participantes tiveram oportunidade de presenciar debates sobre temas atuais e de relevância acadêmica e social, além de conhecer mais o curso de segundo ciclo em Antropologia da UFSB e o PPGES.
I Simpósio de Temáticas Indígenas
Na tarde do dia 20, o professor João Pacheco, renomado pesquisador da área, membro do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional (PPGAS/UFRJ), mediou a mesa intitulada “Diálogos: antropologias e histórias, histórias e antropologias”. Conduziram o debate o professor Alban Bensa, do Institut de Récherche Interdisciplinaire sur les Enjeux Sociales da Universidade Paris XIII, e o professor Francisco Eduardo Torres Cancela, da Universidade do Estado da Bahia (Uneb/Campus XVIII – Eunápolis) e do PPGES.
Em seguida, Nitinawã Pataxó, da Reserva da Jaqueira/Porto Seguro, e Ibuí Pataxó, do Núcleo Central dos Estudantes Indígenas da UFSB, participaram da mesa “Educação: interculturalidade e protagonismo”, sob mediação do professor Edson Kayapó, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA/Campus de Porto Seguro).
Na noite do dia 20, a programação seguiu com a mesa “Indígenas no contexto regional do Extremo Sul baiano”, com as falas de Juari Pataxó, do curso de Licenciatura Intercultural do IFBA de Porto Seguro, Ciro Barbuda, doutorando do PPGES/UFSB, e da pesquisadora e coordenadora do PPGES, professora May Waddington. A mediação foi realizada pelo professor Pablo Antunha Barbosa.
Altemar Felberg, doutorando do PPGES, considera que o evento “se configurou como um importante espaço de escuta e trocas, oportunizando o diálogo e intercâmbio de saberes entre indígenas e pesquisadores, os quais apresentaram relatos de experiência e resultados de pesquisa que contribuíram, de forma significativa, para a construção de um panorama da trajetória de luta dos povos tradicionais do país, pelo reconhecimento e garantia dos seus direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais, com respeito e valorização a sua identidade, suas formas de organização e suas instituições.”
I Jornada de Antropologia
Assim como o Simpósio, a Jornada, que aconteceu no dia 21, também foi estruturada em três momentos. A professora e pesquisadora Ana Carneiro, do curso de Antropologia da UFSB e que participou da organização do evento, conta que a Jornada abrangeu os três ciclos da formação na área.
“Na sessão de banners, alunos(as) de todos os ciclos apresentaram trabalhos com temas extremamente variados desde uma perspectiva antropológica, contribuindo para uma visão sobre o que é Antropologia. Há muito pouco conhecimento sobre isto; em geral, associa-se Antropologia exclusivamente ao estudo dos povos indígenas, e o evento serviu para ampliar esta percepção”, explica a docente.
Kaline Gonçalves, estudante do curso de Antropologia da UFSB, compôs a Roda de Conversa com outros(as) discentes. Ela destaca a presença de um número expressivo de estudantes negros(as) na primeira turma do curso de Antropologia, o que considera “histórico”. “Acredito que isso mostra o quanto nossas lutas têm alcançado resultados. Estávamos ali não como objetos de pesquisa da Antropologia, mas como futuro da ciência”, pondera.
Ana Carneiro frisa o papel de protagonistas dos(as) estudantes na segunda sessão da Jornada. “Eles demonstraram um leque variado de objeto de estudos: antropologia da saúde, estudos de gênero, populações rurais e urbanas, estudos sobre o Estado, etc. Todos têm uma trajetória de lutas e conquistas, foi uma mesa muito emocionante”, conta a professora.
O graduando Adriano Duarte, do curso de Antropologia, apresentou sua experiência pessoal na organização do evento e participou da Roda de Conversa, assinalando a presença de pessoas negras no curso de Antropologia. E, como estudante negro e militante, compartilhou um relato sobre sua história de vida, quais as expectativas com o curso e com o futuro profissional.
Na terceira parte da programação, foram contemplados os três ciclos da formação acadêmica em Antropologia da UFSB, com a presença dos(as) docentes responsáveis pelos cursos Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades, Bacharelado em Antropologia e pelos Programas de Pós-Graduação em Estado e Sociedade (PPGES) e em Ensino e Relações Étnico-Raciais (PPGER), que apresentaram os cursos, as formas de seleção, as linhas de pesquisa e elucidaram dúvidas dos(as) participantes.
Fotos: Gilene Pinheiro (CSC/UFSB)
Sugestão de leitura para entender melhor a questão indígena: Entrevista com o Professor Casé Angatu Xukuru Tupinambá, da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e do PPGER/CJA, publicada em 25 de agosto de 2018 pelo Instituto Humanitas UNISINOS: http://www.ihu.unisinos.br/582140-nos-nao-somos-donos-da-terra-nos-somos-a-terra-entrevista-especial-com-case-angatu-xukuru-tupinamba.
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